segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O que acontece e nunca desaparece [parte 1]

Muitos amores acontecem.
Muitos amores haviam acontecido com ele também, mas ali estava, do outro lado da rua, dentro do carro em frente aquela casa com cerca branca, a janela estava aberta, mas uma cortina florida atrapalhava toda a sua visão. O céu estava escuro e começava a chuviscar. Engoliu a seco todo um passado, desligando o carro e caminhou em direção à casa. Antes mesmo de se atrever a empurrar o pequeno portão, escutou passos vindos de longe e uma voz doce que cantarolava: "Acordei de um sonho bom que eu queria gravar pra poder mostrar pra alguém", aquela voz era inconfundível. E quem mais sabia que essa era a canção do dia? - Pensou. Dando uns passos para o lado conseguiu ver o quintal da casa, e ela estava lá, pegando as roupas no varal, descalça, com um vestido rosa que o vento fazia questão de balançar pra lá e para cá, o cabelo pedia chuva - e pelo visto a chuva estava atendendo seu pedido. Os pingos começaram a engrossar e ela estava quase caindo com tanta roupa que segurava em apenas um dos braços, faltavam algumas calças jeans no varal, que iriam pesar ainda mais.
- Quer ajuda?
Ela nada disse, apenas parou inesperadamente de cantar e como uma coruja virou a cabeça até conseguir por os olhos nele.
- Seria bom.
Quando as roupas estavam despencando de seus braços, Charlie surgiu e segurou-as. Mary sorriu e agradeceu. Não trocaram mais nenhuma palavra, ela terminou de pegar o que ainda restava e colocando tudo nos braços dele, paralisou por alguns segundos, seus olhos se encontraram e no meio da chuva que ficava cada vez mais forte ela se perdeu dentre as gotas que escorriam da barba do Charlie.
- A roupa vai acabar ficando encharcada, resmungou Mary, vamos, entre aqui.
Deu as costas pra ele, que fez exatamente o que ela havia ordenado, como antes, ele se viu fazendo o que ela ordenava. Seguiram para a porta que daria na cozinha, subiram uns três ou quatro degraus, na verdade Charlie passou pelos quatro, e Mary, sempre ansiosa pulou o último entrando rapidamente.
- Dê-me aqui, me deixa colocar essa roupa no sofá. - Disse tirando o montante de roupa, quase molhada, de cima dele.
- Ah, de nada.
- Você se ofereceu para me ajudar, mesmo assim, obrigada. - Sorriu.
Quando entraram, tinha alguma música tocando ao longe, mas depois que ela levou a roupa até a sala, à música havia parado. Não quis especular sobre a música, ou sobre o fato da música ter parado, não quis perguntar por que havia tudo em dobro sujo na pia, ou o porquê da área da frente da casa ter duas cadeiras de balanço. Charlie teve medo das respostas.
- Antes de a chuva começar e antes d'eu me encharcar toda pegando a roupa, estava fazendo um café, que por acaso acabou ficando do jeito que você gosta, e como eu sei que não vai recusar, colocarei uma xícara pra você.
Antes mesmo de terminar a frase a xícara já estava posta a mesa, com a fumacinha subindo, e sim, pelo cheiro o café estava forte, do jeito que ele gostava.
- Normalmente você nunca gostou de café forte... - Comentou.
- É, mas hoje não é um dia como os dias são normalmente... - Sem perceber eles estavam tendo o começo de um diálogo que ficou quase uma década esperando pra ser começado.


Continua, mas em apenas uma segunda parte.
Siga-me os bons: @quetadeia

26 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Só tem mais uma parte, na verdade eu iria postar de uma vez, mas ficou grande e cansativo - na minha opinião.
    Meu blog tem ficado um pouco às moscas e não tenho estado presente nos blogs de vocês que eu tanto gosto, voltarei a ativa já! :)

    #I need.

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  3. Um dia atípico, típico pra começar a gostar de café forte.

    Não achei muito grande, boas leituras não têm tamanho certo, são apenas e lindamente boas leituras.

    Gostei.

    =*

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  4. Ai, que lindo, Deia! Um reencontro madura, mas dolorido! Sorri em alguns momentos e segurei lágrimas em outros.

    Beijos, é tão bom quando posta :)

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  5. um diálogo tanto esperado, só que dessa vez mais ambos mais maduros!
    lindo teu texto
    beijos

    http://oamorhadevencer.blogspot.com/

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  6. Deia, obrigado pelas palavrinhas no amordepapelão.

    Eu curti.. rsss

    Beijos.

    Ivan

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  7. Saudade de ler seus textos , estive ausente mas voltei :DDD
    pode continuar que eu estarei a ler.
    Beijos :*

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  8. Assim é golpe baixo. Você sabe minha queda por diálogos não sabe? Pois se sabe tão bem disso como é que termina essa primeira parte desse jeito, com essa premissa de um diálogo fantástico? ahhh que golpe mais baixo, me deixa roendo as unhas aqui...

    Amei mesmo, quero logo descobrir as coisas que esses dois vão colocar pra fora.
    Abraços apertado. *-*

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  9. vou ler tudo para comentar sobre o texto...nem preciso dizer o quanto boa escritora você é né Deia?

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  10. Deia que bom que voltou *-*
    Adoro reencontros! (:
    Beijos doces.

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  11. Que bom que voltou!
    Suas histórias são ótimas :)


    Bjs
    http://bruhworspite.blogspot.com/

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  12. Sensacional, eu gosto muito desse tipo de história, densa... ^^
    Esse tipo de coisa é espetacular, essas coisas que por um ou muitos motivos demoram muitos anos pra se desenrolar, geralmente o desfecho é surpreendente ^^

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  13. Nada como um café forte para uma longa conversa...

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  14. Ah, que saudade que eu tava de ler seus textos *-*
    opa, aguardando a parte 2 com muita ansiedade *-*
    bjus ;*

    fractionsfrommylife.blogspot.com

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  15. Que bom ver todos vocês aqui, muito obrigada! *-*

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  16. Querida que bom que gostou do meu novo visual no blog, o seu também está lindo, de verdade.
    To lendo o texto bem lindo ansiosa para ver o final, você escreve muito bem mesmo, parabéns.
    Deus abençoe
    http://asoonhadora.blogspot.com

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  17. Que lindinho conto, fiquei curiosa com a segunda parte, e como assim ela já sabia o 'tipo' de café que ele gosta?! Aguardarei ansiosa para a segunda parte ><

    Beijos

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  18. Voltei de novo aqui, para dizer que estou ansiosa. Quero mais. Vamos amar!

    Beeeijos

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  19. Que fofo um reencontro.
    adoreii, posta logo =D

    beijos

    Adoro seu blog.

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  20. Ei, mais que saudade daqui, Deia. Sempre conseguindo me conquistar, sim? Vale à pena ser lido e comentado. Tentarei acompanhar esta história. ^^ Bem, eu sou a dona do Eppifania. Andei meio desativada, mas estou voltando com força total. Espero contar com sua presença e críticas. O Blog ainda está em tempo de reformas, mas sempre é bom uma dicazinha, não é? Te espero lá, posso contar com a sua presença? Beijão.

    http://eppifania.blogspot.com/

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  21. aaaaai que saudade que eu tava desses textos! POSTA MAAAAAAAAAAIS.

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  22. Que alegria chegar aqui e ver histórias acontecendo! (;

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  23. Aiii... essas coisas deviam acontecer comigo shuhaushauhsu... adorei
    beijos

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"Venha quando quiser: – Tem espaço na casa e no coração."