Prender-te-ei no meu abraço

Eu não queria deixá-la ir nem por meio segundo. Ficamos acordados quase toda a noite, queríamos aproveitar ao máximo um ao outro, e agora, que pelo visto devem ser cinco e alguma coisa da manhã, o quarto já não está tão escuro como no começo da noite, olhando-a consigo vê-la quase que perfeitamente, digo, posso ver suas costas quase que perfeitamente, para dar um “ar” mais romântico poderia dizer que ela estava deitada sobre meu peito, ou apenas que sua boca estava na direção da minha, o que seria uma baita de uma lorota. Quando as pessoas dormem isso se desfaz, a posição romântica de quando se deitaram não permanece, elas, no geral, dão as costas umas as outras.  Seu babydoll salmão deixava parte de suas costas a mostra, e sim, ela tinha aqueles furinhos que me deixam louco.

Deitado ali, naquele chão duro, em cima de um tapete qualquer, com o travesseiro ruim pra caralho e se não bastasse, a janela não parava de bater, e o chuveiro pingava de segundo em segundo, acredite se quiser, eu não queria estar em nenhum outro lugar.

Ela iria embora assim que acordasse, iria embora e deixaria tudo aquilo para trás, não porque quisesse, eu sei, mas porque tinha que ir, e eu a entendo, a entendo porque seus motivos são concretos e óbvios. Mas ela iria, bom... E eu ficaria ali, no canto do quarto, no meu tapete qualquer e meu travesseiro ruim pra caralho, a janela batendo e o chuveiro pingando. Mas ia ter algo diferente em tudo isso, ela esteve aqui e dividiu tudo isso comigo, mesmo que por pouco tempo, terá valido por dez anos de conversar rotineiras.

Quando menos se espera, alguém chega, como ela chegou. Alguém chega e fica pra sempre, mesmo que seja dentro de você. Muda sua vida, muda suas ideias e seus objetivos.

Com os primeiros raios de sol entrando no quarto, e o chuveiro parando de pingar, eu tive uma certeza: Só queria prendê-la em meu abraço.

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