Subitamente senti um vazio, hesitei.
Respirei fundo e percebi que me faltava ar. Quando estava próximo ao portão não pude mais caminhar, me abaixei ali mesmo e sentei na calçada. Levei as mãos sobre a barriga ao ouvir ela conversar comigo, na verdade ela parecia gritar comigo, veio-me o cheiro de um apetitoso cheeseburger, o que me fez lembrar o quanto estava com fome e a quanto tempo estava sem comer. Era pouca mais de seis da tarde e eu só havia tomado uns goles de café com umas poucas bolachas de água e sal antes de sair de casa. Pensei um pouco se não seria melhor ir embora e deixar a conversa pra mais tarde - como fazia sempre, pensei mais um pouco, e mais um pouco, no final das contas acho que pensei bastante, por fim resolvi levantar, com um esforço tremendo cheguei até o portão, que, aliás, não estava a dois metros de onde eu sentara.
Estava tendo dificuldade para respirar, então segurei a maior quantidade de ar que coube em meu peito e deu duas batidas, sem resposta, mais uma, também sem resposta, e por fim bati tão forte que meus dedos ficaram com um pouco da tinta azul do portão velho, esperei alguns segundos e até parecia ter melhorado o vazio, a respiração e até a fome. Caminhei o mais rápido que pude para virar logo a esquina e quando estava quase lá pude ouvir o portão velho ranger, senti o peso de seus olhos sobre mim, parei, mas você não disse nada, a sensação de vazio havia voltado, minhas pernas ficaram cambaleando quando tentei continuar a caminhada. Virei à esquina e fiquei ali por um tempo, tentando ouvir algo, tentando escutar seus passos vindo atrás de mim, inutilmente. Respirei ainda mais fundo do que antes e resolvi olhar para trás, queria ter certeza de que você havia entrado, foi quando senti um dos maiores arrependimentos da minha vida, você estava lá, com aqueles olhos de cigana oblíqua, mesmo não sendo a Capitu, você me parecia seca e isso doía.
Nossos olhos se cruzaram e ficaram assim, como que congelados, fiz um leve movimento de aceno com a cabeça, levando ela de cima pra baixo, então você deu-me um sorriso de canto, meio sem jeito dei a volta e me arrastei até o portão, mas como se já soubesse o que aconteceria a seguir, você simplesmente pesou novamente o olhar sobre mim e eu entristeci o meu, fui correspondido e por último pude apenas ver você fechar o portão. Não que eu esteja reclamando, assim foi melhor, você, eu, sabe... Nós sabíamos o que estava por vir, a troca de olhares disse tudo e pela primeira vez em anos eu senti que não havia necessidade de explicações, dramas, ciúmes ou qualquer outra coisa que não fosse o silêncio. Aquele maldito vazio voltou com força e eu percebi que ele ficaria comigo por muito tempo, cabia a mim apenas me acostumar. Foi a primeira vez que sabia estar fazendo a coisa certa por nós.
@quetadeia
Estava cheia de saudades daqui. Desculpem minha demora a postar. Irei passar nos blogs, como sempre.
ResponderExcluirE essa foi apenas uma postagem desabafo, daquelas escritas numa noite fria de domingo.
Abraços. :)
Bem, acho que esse amor é reprimido e não há nada pior, pois, como você mesma descreveu, fica um vazio enorme e destruidor.
ResponderExcluirSaudades de você, Deia.
Não mais desapareça.
Beijos.
Doeu aqui.
ResponderExcluirÀs vezes recuar é o que podemos fazer de mais certo por alguém, por um amor, por nós mesmos. Desistir, dependendo do caso, é prova de coragem e não de falta dela.
Um beijo. Que bom que voltou a postar.
;)
Belissimo texto..
ResponderExcluirCheio de subterfúgios e não ditos.
Adorei.
Bjs
Que triste, é péssimo passar por situações como essa, e eu já passei :\
ResponderExcluirte sigo no twitter, beijos :*
Doeu também em mim, ler. Tua descrição é tão delicada e precisa, que faz sentir o mesmo aperto que as personagens sentem! Admirável e nobre o gesto de recuar, quando percebe-se que não a mais como prosseguir! É muito difícil tomar esse tipo de atitude. Sinal de coragem e de amor!
ResponderExcluirÉ bom "te ler".
Beijos
Poxa, que texto mais dolorido, flor...
ResponderExcluirAi! chegou a dar um aperto aqui no peito. Realmente as vezes é pesado o sacrifício que temos de fazer em prol do outro.
bjOus
Quando há intimidade não se precisam palavras... as palavras podem mentir... mas o olhar jamais..
ResponderExcluirMinha Deia, saudades de ti também.
ResponderExcluirEspero que esteja bem. Até breve, não ficarei mais longe daqui.
Beijos ♥
Querida, senti saudades destes contos intensos.
ResponderExcluirA cumplicidade de um olhar responde quase todas as perguntas, são respostas sinceras.
beijos.
Déia Déia, adoro td aqui. vc tem que editar um livro, tal a facilidade com as palavras... já pensou nisso? pense! bjs no coração!
ResponderExcluirlendo 'dear john'? vais amar, com certeza *-*
ResponderExcluirEsses olhares nos entregam.
ResponderExcluirE às vezes eles doem mais que palavras.
beeijoca moça ;*
http://changesl.blogspot.com/ -
Muito bom o tetxo
ResponderExcluirTambém senti suadade de ti,deia
Tem selo pra ti no meu blog
Bjos ;*
Pra quê palavras diante de olhares como esses?
ResponderExcluirDoeu aqui.
Senti sua falta, que bom que você voltou!
Beijo flor.
um olhar fala mais que mil palavras, senti no coração a sensação de vazio. Lindo texto
ResponderExcluirhttp://saiadeflorbm.blogspot.com/
Tem vezes que somos obrigados a fazer coisas qe não queremos só para tentarmos ser feliz!
ResponderExcluirPassa lá?
http://jooymartins.blogspot.com/
Beijos
Não suma. ;)
ResponderExcluirE sobre conversar com o olhar, pra chegar nesse ponto de diálogo a intimidade e o amor entre os dois tem que ser muito forte. :D
Que bom tê-la novamente por lá!!!
ResponderExcluirQueridona :)
Lendo "Querido John"??
Adoooro ;)
É tão lindo, não é?
Beijocas =*
Poxa, pude senitr a tristeza daquele olhar...
ResponderExcluirApesar disso, o texto ficou lindo
Muito bom o texto, adorei xD
ResponderExcluirNossa, que bom que você voltou, não suma assim de novo ú.u
bjus ;*
Porque o olhar diz muito mais que mil e outras palavras, pisque e coloque algumas vírgulas e logo saberás conversar.
ResponderExcluirUm beijo
Ahhhhhh! Vou te dizer que já passei por cenas como essa, por várias vezes, na vida. Quando você quer que um momento, mesmo de dúvida, não acabe pra talvez não ter que ver uma desfecho não tão satisfatório... o.o
ResponderExcluirTexto lindo, vi seu comentário no blog de uma colega e passei para conferir.
ResponderExcluirAmei.
Acabei 'querido john' querendo não acabar. E sim, é realmente lindíssimo, me fez derramar algumas lágrimas aqui e acolá. Lerei mais vezes, disso tenho certeza.
ResponderExcluir:)
"Extremamente absorvido de presenças significativas, no peito, na emoção"
ResponderExcluirMuito bom teu post, estou seguindo...
Um abraço,
Rafah
http://eternizadoempalavras.blogspot.com/
"...aquele maldito vazio voltou com força e eu percebi que ele ficaria comigo por muito tempo..."
ResponderExcluirtexto realmente muito lindo, pude sentir em mim, todo esse vazio!
beijos:*
http://oamorhadevencer.blogspot.com/
Que lindo...viajei dentro do texto,
ResponderExcluirparabéns
realmente o vazio é camplicado!
bjos
minha primeira visita aqui é me deparo com esse texto incrível!
ResponderExcluirLegal que ao te ler, fui meio que criando um clipe com as cenas descritas pelo seu "roteiro"!
MUITO BOOOMMM!
a angustia do inevitável corroí , então as lembranças ficam gravadas na memoria com o olhar a decorar ate a cor do portão velho!
beijo, ja te sigo!
Artur!
Isso doeu, mas foi belíssimo.
ResponderExcluir:)
como sempre entro tão bem dentro do personagem q quase posso sentir cada sentimento por completo. Quase me sinto ele d verdade.
ResponderExcluirEnfim, adorei voltar a ler por aqui. ;*
Um bom texto, mocinha, sempre sera chato ter que tomar decisoes dificieis, mesmo que elas nos ajudem a crescer. =D
ResponderExcluirain T.T" só vc mesmo deia.
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