Minha dor eu sopro pro céu

"De cigarro em cigarro"

Vivo – respirando essa poeira que se esconde aqui e acolá – procurando uma forma de envelhecer mais lentamente, pra ver se dá tempo, só pra ver se o tempo dá. Vou dormir menos e acordarei mais cedo, procurar-te-ei com uma espada na mão e na outra um pote de raios de sol, jogarei pela sua janela e juntos iremos conquistar o mundo, vencer o ódio e o rancor, até só sobrar amor. Apenas peço que essa tristeza seja passageira, e que eu consiga comprar uma droga de um aspira-dor de pó.

Pode pensar mais alto, pense em mim no volume máximo, seguirei teus pensamentos e não me sentirei só. Vamos, pense mais alto. Obrigado por tentar, mas essa angústia está cravada como um punhal.

Diga-me somente que consegue ver o céu da janela do seu quarto, assim saberei que posso soltar minha fumaça da forma como quiser e você verá e saberá que é coisa minha, coisa da minha dor que eu sopro pro céu. Mesmo com os pulmões cinzas de tanto tabaco ainda respiro, ao menos os maços de cigarros no lixeiro do banheiro terão servido pra alguma coisa.

Assim como lhe prometi outrora, eu nunca mais vou embora, estarei aqui pra quando precisar, repito, repito quantas vezes for preciso. Pode contar comigo, venha quando quiser, quando puder, mas venha porque quer realmente vir, venha pra jamais ir.

                                                                                              deia.s