sábado, 21 de julho de 2012

Das procuras


Estava na estrada desde a noite passada. Sua respiração estava ofegante, as botas sujas, e o Zezim cansado. Havia caminhado vários quarteirões procurando-a. E nada.
Sua princesa tinha ido embora sem deixar um bilhete sequer. Foi como tinha ameaçado ir outras tantas vezes. Sua princesa foi embora levando tudo, apesar de parecer não ter levado nada. Quando acordou a casa estava lá. Vazia. Com a princesa em todos os lugares. Cama. Banheiro. Sala. Cozinha. Varanda.
Seu pensamento voou longe quando o Zezim miou, aliviado. Olhando-o notou que ele estava bebendo algo e sendo acariciado por uma moça.
– Ele estava mesmo com sede. – Disse.
– É, me parece que sim. – Comentou o rapaz.
– Você está procurando alguém? – Indagou a jovem de jardineira jeans e sapatos marrons.
– Acho que sim.
– Acha?
– É.
– Sei quem você está. – Parecia ter certeza do eu estava falando.
Não disse nada, ficou olhando a moça acariciar o Zezim quase como sua princesa fazia, começando da cabeça e parando na ponta do rabo.
– Você está procurando por você. – Sorriu olhando-o pela primeira vez.
E de repente percebeu que antes da princesa, não era ninguém. Estando com ela, continuava sendo ninguém. Mas somente quando ela se foi, notou que nunca foi alguém. Convenhamos, nunca tentou ser alguém. Por isso a casa estava tão vazia, e tão cheia dela.
– Quer um pouco de água? Ou leite? Deve estar com sede também. – Perguntou a jovem.
– Não, obrigada. Vamos Zezim, agradeça a moça pelo leite. – Disse para o gato. Sorriu para a moça.
Ela retribuiu o riso e não disse nada. O moço pegou o Zezim pelos braços e balançado a cabeça como sinal de despedida, começou sua caminhada de volta pra casa. Com a maior saudade da princesa. Mas querendo ser alguém. Querendo ser alguém para que nenhuma princesa fosse mais embora de sua vida.

                                   @quetadeia

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Com confetes no bolso




Estava parado, como uma estátua.
Gente ria, cantava, gritava.
Não me movia. 
Foi como se o tempo parasse.
Entre confetes e fitas a vi passar. 
Perdi-me.  Perdi-a de vista.
Pisquei e fiquei esperando-a voltar.
Policiais levaram pessoas.
Levaram-na também.
E se eu disser que tudo ficou cinza?
Parecerá clichê.
Clichê não deve de ser.
Faço algo pros gambé me levar.
Pra vê se encontro com ela lá.
Pouco importa se o carnaval passar.
Encho os bolsos de confete, iáiá... 


                                     Siga-me os bons: @quetadeia